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O TUDO-NADA

Por Yslia Alencar - 16 de maio de 2021


 

O Tudo-Nada me espinha

Numa tarde de domingo,

Depois do almoço,

Na hora da preguiça.


Eu ainda não almocei.


Mas o Tudo-Nada revira meu estômago

Como se ali houvesse algo.

Borboletas mortas?

Talvez.


O Tudo-Nada não me deixou

Dormir à noite.

Me cutucou a madrugada inteira.

Ele não é insônia,

Não é barulho,

É uma sensação.


O Tudo-Nada me fez chorar,

Se eu pisco os cílios eu choro.

Respiro e choro.

Tento não chorar.

Há um Tudo-Nada no meu olho.


O Tudo-Nada machuca, dói.

Ele me deixa estática,

Cansada, desnorteada

Infinitos Fins-As.


O Tudo-Nada é tudo e nada

Ao mesmo tempo.

O Tudo-Nada

É a minha tarde de domingo.

 


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