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COLUNA YSLIA ALENCAR - PARTE 01 (COTIDIANO POÉTICO)

Por Yslia de Alencar - 10 de Abril de 2021

 

CÍNICA EuForia


A casa estrala suas costelas no silêncio da madrugada.

O pinga-pinga desenfreado e estridente quebra a aura muda do escuro

Que transpassa e ressoa embalando nosso sono.

É noite, eu rio e me aqueço entre as cobertas da minha cama vazia.

Um quadro despenca da parede e a reação que tenho é de que existe uma multidão neste momento a me observar.

O sono luta contra o uso das palavras,

A pálpebra cansada pisca, dolorosamente.

Dorme.

Dorme, porque tudo na vida se ajeita.

A noite passa e com ela o silêncio.

E hoje eu posso enfim amar."

 

RASGANDO-ME


Romperam-se tantos fios em mim arrebentando meu espírito.

Doeu em partes minhas que eu nem sabia ser possível atingi-las;

E que eu nem sabia poder doer tanto.

Foi, então, aquela pequena porção de esperança,

Correndo por entre meus dedos.

Esperança e alegria findas,

A tristeza emerge daquele buraco negro nunca cicatrizado.


A inércia e inaptidão de lidar com meus próprios sentimentos

Têm me feito revirar a noite inteira em volta de mim mesma.

E eu me rasgo,

Puxo e arranco essa pele envolta de minha carne.

Eu corto o músculo com palavras e lágrimas.

E arrebento-me os tendões.

Me faço em pedaços.

É certo, tudo é aparência.

 

NOTAS MENTAIS


Foram tantas reviravoltas no meu passado indigesto que hoje a tentativa de retomada e reconciliação parecem tão distantes como se nunca houvessem existido.


Eu estou sentada no alpendre de casa, ouço o que parece ser uma cascavel, não tão distante, a espreitar sua presa. Seriam os erros vigiando minha consciência como se procurassem um resquício de culpa? Eu não seria capaz de permitir tamanha desordem novamente em minha mente, ou seria?


Às vezes pensamos que tudo tem passado e temos vencido o mais difícil, mas não, não é fato! Há tanto por vir e eu já mudara tanto que não penso haver mais espaço para uma nova carne a me cobrir, senão o tecido exposto de minha face nua e crua.


No céu uma ave carniceira sobrevoa em círculo um pequeno espaço, tão próximo que me pergunto mesmo: não sou eu a próxima presa? Ou minha cara embalada pelo desespero flerta com a morte aparente? E o céu é tão azul, as cores tão fortes! É primavera e o quadro a minha frente tão irreal quanto a loucura e a possibilidade de pensar que quero tanto esse estupor de sentimentos.

Eu rio, respiro e me acomodo na cadeira de balanço, porque não sou capaz de confessar e te enviar todas as cartas que te escrevo descrevendo a ideia que é te ter em mim como meu próprio ser somente é possível. E talvez essa seja a razão. Por ser somente a ideia eu não as-lo-envio. Eu penso que te conto, minha mente fica sem culpa, os erros não a espreitam e me resta tempo para reconstruir-me. Vez ou outra há que sofrermos por amar, mas esse não é o momento, nem o motivo aparente que me preocupa.

Talvez a dúvida que, eu, na longa estrada, tenha me perdido de mim. E eu sou capaz de culpar-me? Talvez! Se essa perdida fosse uma incapaz, eu como responsável de mim tenho toda preocupação.

 

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