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DIÁRIO DE UMA ANSIOSA EM QUARENTENA

Atualizado: 30 de jul. de 2020

Por Larissa Carneiro - 27 de março de 2020

 

Quarentena. Parece uma realidade paralela e bem distante da nossa, certo? Errado! Parece aqueles filmes da Netflix, em que as pessoas precisam ficar trancadas em um prédio, ou são alvejadas? Também não é pra tanto.


Nunca pensei que pudesse passar pela experiência de estar em quarentena, a 600 km da minha cidade de origem, e somente com a opção de comunicação por internet com a minha família. Às vezes, invento de ir ao supermercado comprar alguma coisa de que eu precise (mas nem tanto), para que assim minha mente não fique tão aprisionada às paredes do meu apartamento.


Resolvi não contar quantos dias estou de quarentena, acredito que me espantaria o número, e prefiro levar da forma mais "natural” possível, para que, só assim, eu não enlouqueça de vez.


Os amigos que moram comigo viajaram para suas cidades natais antes de suspenderam as viagens intermunicipais, o que não foi uma opção pra mim, já que Fortaleza não é tão perto. Resolvi ficar pelo Crato, curtir minha solidão (que não é tão solidão assim) e inventar programas para uma pessoa.


Descobri que pintar é um passatempo muito terapêutico. Aprendi a cozinhar meu prato favorito, e, assim, soube que eu não sou tão desastrosa na cozinha como imaginava. Percebi que ter quinze caixas de incenso não é exagero, mas sim precaução. Arrumar a casa já não parece ser tão chato, e navegar na internet não parece mais tão monótono.


Vai dia, vem dia, não dá para ficar inventando programas novos, mas dá pra se acostumar e gostar cada vez mais dos que se faz todo dia. Descobri também que narrar meus sentimentos em um caderno e, dias depois, lê-los é muito revelador, e que o Minecraft  é mais legal do que eu pensava.


Estar em quarentena me fez enxergar o maior clichê de todos: a nossa companhia é o suficiente. Mesmo depois de dias, você se basta, para que passe por qualquer situação. Pessoas ao nosso redor acrescentam claro, mas saiba que você precisa ser o centro de você mesmo.


Minha ansiedade nunca esteve tão controlada. Meditar está sendo um exercício essencial para ter autocontrole, e espero continuar com essa atividade mesmo depois que tudo isso passar. Ser ansiosa, estar sozinha em um momento tão delicado, não é nada fácil, mas também não está sendo tão difícil quanto eu imaginei que fosse.


Não sei quando tudo isso vai passar. Não sei quando poderei beber mais uma cerveja rodeada de amigos no Mirante ou no Primavera, na presença ilustre do melhor garçom, Chico. Não sei quando poderei voltar a frequentar a casa daquele amigo que tanto gosto... Mas, de uma coisa eu sei, vai passar... E quando passar eu estarei nesses lugares e em muito outros, juntos, contando a nossa relação e o aprendizado de cada um com toda essa situação. 


Por enquanto, invoque seu Deus, medite, ore, reze, faça o que sua religião (ou sua mente) mandar para que, assim, passemos por essa situação da melhor maneira possível. 

 

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