De Rodrigo Manfredini - dia 05 de março de 2020
Meus dias estão corridos… De casa pra universidade, da universidade pra casa. Na real, o tempo que passo em casa é só o da dormida. Enfim, final de semestre é assim mesmo, então, corramos, só não deixemos a correria nos atropelar e retirar da gente o pensar no outro. E é sobre e por isso que estou escrevendo estas linhas. Hoje, no Kariri Tur (busão), ouvindo no fone a música “Se” do Djavan, cantei fortemente. Cantei pensando, porque mesmo em meio à toda a correria, a gente consegue encontrar (ou pelo menos inventa) tempo pra cantar pensando ou pensar cantando, porque o que nos move é o sentimento. Acho até que é uma boa rota de fuga dessa maquínica rotina que tentar nos engolir. Voltando à música… O eu cantante e pensante refletia sobre a letra da música, “Você disse que não sabe se não/ Mas também não tem certeza que sim [...]” e, vez ou outra, me vinha à cabeça eu e tu, não necessariamente conjugado os dois, porque no meu imaginário isso pode até colar (e, de fato, confesso, cola sim, como vontade/desejo), mas no teu talvez não. Me veio à cabeça essa coisa da situação relacional entre nós, mas a letra da música aponta para algo distinto da nossa situação, já que nesse caso a dúvida habita a partir do dito. Lembra do texto anterior? Pois é, o não dito de tua parte interdita até a possibilidade dessa situação que a música apresenta, que pro eu-lírico da canção pode se configurar como uma aflição, mas pra mim, em relação ao estágio atual, seria menos doloroso. A incerteza, sobre teu sentimento e não sentimento, me perturba de tal modo que não consigo parar de pensar em ti. Outra coisa, a situação de dúvida e) incerteza demonstrada através do dito, como pode abrigar o sim ou o não, é mais confortante, já que o silenciamento pode caracterizar a indiferença, que é mais dolorosa. Além do mais, eu já disse que o dizer não pra mim não seria problema de modo algum. Bobagem? Não, já disse mais de uma vez, fui afetado… São 23h43 e, desde que comecei escrever este texto, tô ouvindo “Se eu não te amasse tanto assim” pelo quarta vez. E, pra mim não há dúvidas, eu fui de fato afetado.
28 de novembro de 2019