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QUEM DOMINA OS APARELHOS IDEOLÓGICOS DO ESTADO DOMINA O PODER DE ESTADO.

Atualizado: 3 de ago. de 2020

Por Weverton M. Moreno - 18 de janeiro de 2020


 

Roberto Alvim (Ministro da Cultura do Brasil) simplesmente copia um texto nazista escrita por Gobbles durante o Terceiro Reich. A sua posição de ministro (rapidamente exonerado) somada à sua fala sobre os rumos que a cultura do Brasil deve tomar e representar, nos faz pensar: A teoria dos Aparelhos Ideológicos do Estado (AIE) proposta por Althusser continua usual? É claro! Louis Althusser corrige Marx no sentido de que, para além dos Aparelhos Repressivos do Estado (a Polícia, a prisão, os tribunais), há ainda um movimento mais sútil, que se manifesta através de Aparelhos Ideológicos, sendo estes as inúmeras instituições públicas e privadas (a família, a escola, a igreja, partidos políticos, aparelhos de informação, entre outros).


O contexto social e político brasileiro atual não se encontram tão diferentes daqueles postos em análise (Estados totalitários do século XX) no livro Ideologia e Aparelhos Ideológicos do Estado. Aqui há um novo (?) movimento ideológico em curso que se recusa em parecer “ideológico” - lembram-se do movimento “Escola Sem Partido, sem doutrina e sem ideologia”? Fontes indicam que esse movimento começa em 2004, mas apenas nos últimos anos tornou-se popularmente conhecido.


Pois bem, Althusser considera que o principal Aparelho Ideológico do Estado deve ser a Escola, pois é lá que as crianças são “moldadas” a imagem e ao querer das classes dominantes, assim torna-se muito mais fácil o Poder do Estado se manifestar em toda sua intensidade, não seria nada interessante para um governo conservador, liberal, moralista e cordial (não esqueçamos) deixar existir uma escola que incentive o pensamento crítico, aberta as diferenças (de raça, classe, gênero, religião, etc), esta deve também torna-se conservadora: à esquerda ou à direita, o trabalho sempre será de formiguinha.


Considerando que o movimento Escola sem Partido começou em 2004 apoiado por outros Aparelhos Ideológicos (certos partidos, escolas, igrejas, veículos de informação) em oposição a um governo mais ou menos de esquerda, percebemos que a recente tomada de Poder do Estado existe graças a esses movimentos ideológicos. Mas o que isso tem a ver com a fala de Alvim? Tudo! Pois não falamos mais de ação de AIE e sim do próprio Aparelho de Estado: este tornou-se conservador e é apoiado por grande parte da população. A apologia de recusa ao diferente trespassou os limites da Escola, tornou-se poder coercitivo oficial. Mesmo sendo um ato ideológico, não é de hoje que o atual governo faz manobras para censurar e proibir tudo aquilo que tenha “ideologia”. Para o Atual Poder de Estado ideologia é algo simplesmente de esquerda, e isso não pode ser mais perfeito para nosso “pequenino fascismo tupinambá”, o qual Graciliano Ramos há muito já enxergava.


Propor uma arte “heroíca e nacional”, “profundamente ligada às aspirações urgentes do nosso povo” não trespassa em nada o que o governo já vinha falando e fazendo: censura a filmes nacionais com “teor ideológico”; cancelamento antecipado e interrupção policial de espetáculos musicais; redução da verba federal para o ensino e cultura; corte de bolsas científicas; apoio à história de um “Brasil paralelo” em que os velhos Heróis (?) nacionais devem ser (re)lembrados...


Não, Roberto Alvim não ultrapassou nem um limite, não falou nada novo, não foi exagerado, esteve simplesmente alinhado a Ideologia do Estado atual. A sua rápida exoneração não foi ética, foi ideologicamente estratégica. É preciso fazer sem dizer. O único erro de Alvim foi referenciar o nazismo diretamente. O fascismo começa em movimentos microscópicos dentro das pessoas, adentra os Aparelhos Ideológicos de Estados, sujeita indivíduos. Já em sua posição de Ideologia do Estado, é um Poder silencioso que silencia.


17 de Janeiro de 2020.


 

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