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A PATÉTICA E MARAVILHOSA E INTERMINÁVEL GUERRA DOS NOMES CONTRA OS HOMENS.

Weverton da Silva, 21 de abril de 2022.


A revolta mais silenciosa, solitária e angustiante dos Homens é a revolta contra os seus próprios Nomes, sim, no plural mesmo. Ao Longo da vida trocamos e nos trocam de nomes, da mesma forma que nos trocam e trocamos as roupas. Até mesmo antes de nascer os nomes já batalham pelos nossos corpos ainda incompletos. Dá para imaginar o drama de um Nome que nunca possuiu um corpo vivo?


Pois bem, imagine que consigamos nascer vivos, só por esse grande ato, os primeiros nomes que possuímos são, assim como nossos primeiros trajes, puro carinho e ternura. Sempre no diminutivo, os nossos nomes assim como nossos corpos não possuem tamanho nem envergadura. Mas logo com os primeiros passos, os nomes vão adjetivando-se em outros, de incentivos ou punição, talvez um palavrão seja o Nome mais apropriado para um corpo que cresce caoticamente. Depois ganhamos os nomes-números: números de chamada, números de matrícula, números de fila, Números de documentos. Prisioneiro número 427. Concomitante aos nomes-números há os nomes- violência: o cara das espinhas, a mina gorda, a mina Vesga, o cara tosco. Há ainda os nomes-amor, os nomes-tesão.


Não obstante existem também os nomes-mitos, os mais difíceis de mudar, pois remetem a aqueles que são incapazes de trocar por força e vontade própria os nomes que tão bem lhe vestiram. Falo dos loucos da Praça, da Rua, do cruzamento tal. Freud falava de um certo Homem dos lobos, na infância eu sabia de um tal Zé das cachorras. Os nomes são fantasmas do corpo, ou o corpo que é apenas um cabide de Nomes? Por gentileza, digam-me quem era corpo e quem era Nome entre Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Fernando Pessoa. De fato, os nomes irão perseguir os homens, vestir os corpos, violentar a carne, ou amá-la e elevá-la, às vezes o Nome até envenena a carne por amor. Todavia, em meio a ditadura dos Nomes, existem os corpos revoltosos, a carne que se rebela contra os nomes que lhes come, bem como há quem corra de nomes, como o diabo corre da Cruz. Ocorreu com o Homem dos lobos, que lutou toda a vida uma batalha já perdida, uma batalha triste, podemos dizer, já que “o Homem dos lobos”, foi o Melhor Nome que lhe coube. Há também quem aceite qualquer Nome que lhe é designado, com insatisfação, mas sem revolta, algo similar à pessoa que sempre calça aquele sapato que lhe faz calos. Dizem os nomes que Diógenes saia no meio do dia com uma lanterna procurando o verdadeiro Homem, eu digo que ele procurava o verdadeiro Nome. Por fim, no momento da morte, o corpo é enterrado sempre como indigente, pois o Nome que está na lápide dificilmente é o Nome que bem mais vestiu aquele Homem. O último triunfo do Nome sobre o Homem, é, pois, uma grande brincadeira que envolve, paradoxalmente, o anonimato.

 



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