Por Amara Medeiros - 29 de maio de 2021
Deixar que o vírus mate e fazer morrer de fome, essa tem sido a política nefasta adotada pelo Estado brasileiro, durante a pandemia do coronavirus, sob o governo de Jair Bolsonaro. Fatos estes que estão sendo demostrados na CPI da COVID-19 e aparecem em grandes jornais, o New York Times, por exemplo, publicou matéria essa semana com o sugestivo título: “The Unveiling of Bolsonaro’s Supervillain Plot Is Weirdly Gripping" [A revelação da trama do supervilão de Bolsonaro é estranhamente emocionante]. Sendo a necropolítica do Estado pior que a própria pandemia, o povo retoma às ruas Brasil à fora em uma só voz: #ForaBolsonaro e #QueremosVacina.
No Cariri o dia 29 de maio foi marcado pelo sentimento de esperança da retomada de uma agenda de lutas combativas, que convocam o povo às ruas para protestar contra o presidente Bolsonaro, que é defensor e promotor de aglomerações, tratamento precoce contra a covid-19 [não comprovado cientificamente] e a não vacinação em massa da população brasileira. É o lucro acima da vida a todo custo, mesmo que esse preço seja a vida de 459 mil brasileiros mortos pela Covid-19, em números oficiais, na maior crise sanitária que o mundo viu no último século.
Somente o sentimento de inconformidade e indignação contra esse governo é capaz de levar o seu povo para as ruas no meio de uma pandemia, exigindo um basta de tanta violência perpetrada pelo próprio Estado. Dito isso, não é possível equiparar em responsabilidade os movimentos contra e pró-governo. Este último, contra toda racionalidade, pede pela intensificação dos desmanches neoliberais dos direitos da classe trabalhadora brasileira e para que esta mesma classe coloque a sua vida e a dos seus em risco todos os dias para que o grande capital não falhe. E o cenário catastrófico em que o Brasil se encontra não é a prova cabível de que o capitalismo falhou em todos os sentidos?
Seguindo os protocolos de segurança, como: distanciamento social, uso de máscaras, álcool em gel e reuniões ao ar livre, as manifestações contra o governo Bolsonaro acontecem agora em 186 locais no Brasil e no exterior [fonte: Jornalistas Livres].
Ao mesmo tempo os protestos são duramente reprimidos ou dispersos como resposta de governos que claramente corroboram para o cenário atual da pandemia da covid-19 no Brasil.
O ato realizado em Juazeiro do Norte, nesta manhã de sábado, foi dispersado por parte das forças do Estado. Pouco tempo depois do início do ato, a polícia pede que os manifestantes evacuem a praça da prefeitura onde estava sendo realizado, e que, ao contrário das manifestações bolsonaristas, dava exemplo de como realizar um movimento em meio a pandemia.
O número de policiais destacados para a contenção do ato foi superior, proporcionalmente, ao número de manifestantes presentes. Em momentos anteriores, com um contingente muito maior de pessoas, o número de policiais era notoriamente muito menor.
Não havendo resistência por parte dos manifestantes a polícia viu-se, a partir do seu poder legitimado pelo Estado, no direito de conduzir a caminhada iniciada pelos manifestantes através da rua São Pedro, no centro de Juazeiro. E logo em seguida, um quarteirão antes da praça Pe. Cícero, foi montado um paredão obstruindo a passagem dos manifestantes, impedindo o prosseguimento da caminhada e ordenando a dispersão dos mesmos.
Um ato é um movimento expressivo das massas, organizado e autogerido por essas, o contrário disso é desfile. A ação das forças do Estado é um ato de violência simbólica agindo sobre o direito de liberdade e expressão daqueles que em uma relação de poder encontram-se oprimidos. Tal é o caso da repressão às manifestações neste dia 29 de maio contra o governo Bolsonaro e sua política de massacre à população brasileira, sobretudo, contra a mais pobre, periférica e preta. População esta que na pandemia foi cada vez mais empobrecida e atacada social e politicamente pela casta de políticos corruptos que governam nosso país enquanto exercem seus "podres poderes". Com isso, não há alternativa, senão à luta.