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Dos sons, cheiros ou dissabores...

De Janaina Figueiredo - 19 de outubro de 2019



 

Não diferentemente dos últimos dias, acordei muito cedo. Todos os dias eu tenho a graça de despertar com a delícia do canto dos pássaros. Após alguns minutos depois de acordar, abri a janela do meu quarto, como de costume. E quando feito isso, senti uma brisa diferente, fria e forte tocar meu rosto. Junto dela senti o perfume doce das flores da varanda que se misturava a um aroma amadeirado. Esse cheiro também passeava entre a delícia do cheiro de terra molhada em frente que se fazia presente ali. Imediatamente a tudo aquilo, eu tive acionado à minha memória um monte de coisas, uma porção delas. Eu não estava apenas sentindo o amanhecer, não era apenas uma alerta da chegada do sol, do começo de um dia novo. Nem tampouco era somente uma prática rotineira bucólica, apesar da vida campestre ter lá as suas vantagens, isso é certo. Talvez a minha mania de abrir a minha janela todos os dias ao acordar, me tenha hoje desviado para algo diferente dos demais dias. Isso é coisas das nossas manias, costumes. E como já diziam/dizem nossas mães/pais/avós e todos aqueles de cabelos brancos cuja sabedoria é notória, "O costume é o que mata".


Dessas muitas e muitas manias de toda essa gente, uma delas é totalmente pertinente e cabível no meu despertar de hoje. É justamente o fato daquela velha e conhecida mania de dizer que as "canções são como os perfumes", que ambos são marcantes. O canto dos pássaros, aquele perfume me fizeram parar com os braços sobre a janela e ficar imóvel por alguns minutos. De imediato pensei involuntariamente que talvez tanto as canções como o cheiro e os perfumes sejam apenas elementos contribuintes para rememorar/resgatar algo que possa ter apenas adormecido dentro da gente. É como se fosse algo semelhante ao sono, uma vez que a gente acorda pela manhã, o sono passa, mas o mundo continua girando e à noite o sono volta e depois tudo de novo, assim como o meu abrir da janela de hoje que farei amanhã e depois e depois e depois. Tudo na nossa trajetória vital é assim.


As coisas são repetitivas sempre, se pararmos para ter um olhar mais apurado. Até as pessoas que conhecemos nos lembram outras, sejam pelos traços físicos ou personalidade. Nos nossos relacionamentos entre famílias, amigos e amores as coisas também se repetem, não é!?! Sim, as coisas que vivemos se repetem e como se repetem. É sempre assim. Em decorrência disso, como a nossa estadia nesse mundo é definida pelas coisas, pessoas e momentos, esse 'amontoado de tudo' é inerente, uma vez que não se pode separar.


É incrível como as nossas alegrias, os nossos des(prazeres), os sorrisos e lágrimas sempre voltam, se repetem. Todos os momentos os quais vivemos, até mesmo na nossa rotina diária, acabam por nos marcar, marcar outras pessoas, marcar épocas. Ah, os perfumes e as músicas têm grande poder nisso tudo, dizem. Eu discordo em partes, pois carrego a mania talvez bonita ou feia de sempre ou quase sempre não concordar integralmente com tudo que ouço, vejo e leio. Pode ser que isso ainda me 'mate', afinal, é coisa de costume. O fato é que o nosso sopro de vida é sempre cheio de infinitas surpresas, sejam boas ou ruins. A gente sempre remexe, destampa as caixinhas e desfaz todo àquele embrulho para vermos o que tem guardado lá para a gente. E por esse motivo, de quando em vez, nos acontecem coisas das mais inusitadas possíveis. Coisas bonitas, realização de projetos pessoais, conquistas e sonhos, grandes amores e muitos e muitos dissabores também vêm juntos no pacote, claro e obviamente.


E nesses ínterins, sejam de alegria ou dor, passe o tempo que passar, sempre serão rememorados num futuro perto ou distante, pois não se trata apenas de algo que marcou, mas sim de algo que existiu ou existe. E se existiu, existe, é algo inerente, é cíclico, tá ali. É semelhante àquela feridinha, cicatriz no joelho ou queixo, entendes!?! Toda vez que você olha, lembra exatamente como aconteceu e o porquê de ter acontecido. E uma vez acionado involuntariamente 'o botão' da memória, já foi, já era, já é.


Para desfecho do turbilhão de pensamentos, perguntas, respostas e palavras que me aconteceram no despertar de hoje, chego a um pensamento meio, quase ou completamente dúbio e aí deixo que decidam sobre essa bagunça toda. As coisas, momentos, pessoas vêm, vão, e depois de um tempo, é como se elas nunca tivessem existido ou nunca deixaram de existir!?! Porque existe a ideia de que só existe aquilo que está vivo em nossa consciência, pelo período que durar a nossa memória. Eis uma 'verdade'. A nossa memória apaga e acende como as luzes das nossas casas. Porém, vale relembrar o lance das verdades absolutas. Nunca acreditei no estado de definição, nesse questionamento estável das coisas. Talvez eu dê meu último suspiro acreditando que nesses sopros de nossa vivência, tudo é mutável, modificável, suscetível e o mais importante: Cíclico.


O que quero dizer é que nada em absolutamente, nem as coisas, os momentos, nem as pessoas desaparecem das nossas almas/vidas. Nós é que desaparecemos de nós mesmos por vários motivos e não percebemos. Nós enjoamos do cotidiano, entojamos das coisas, dos seres, das comidas, dos afazeres de costume, hostilizamos todos os tipos de prazeres repetitivos, enjoamos até do 'ar' que nos mantem vivos, e enquanto isso as horas correm depressa sem que nos demos conta. E então as luzes se apagam e acendem no meio disso tudo. Assim é nossa memória. Tudo é repetitivo e cíclico nos trajetos vitais. Essa é uma condição que a vida nos coloca enquanto viventes. Surgem sempre respostas, perguntas e muitas coisas se revelam todas às vezes que paramos para observar o óbvio. Por isso, ao rememorarmos algo seja de qualquer teor, não culpabilizemos nem as músicas, nem os perfumes, afinal, é impossível que se sintam coisas sem que se tenha sentido coisas. Entendem!?!


Bom re(começo), gente! ♡♡♡♡♡♡♡


(J.F, em 18 de Setembro de 2017, às 8:15)


 

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