top of page
Posts: Blog2
Foto do escritorBlog

Catarse

Atualizado: 17 de fev. de 2020

Por Vitor Abreu - 16 de fevereiro de 2020

 

Por pensar que era cura, já duvidei da arte. Hoje sou um homem de fé, não porque

estou curado, mas por perceber que a arte é uma ótima distração antes de

matarmos a nós mesmos.

A arte se expõe! Na obra, o que mais aparece é o artista. A arte é extensão de si, é

fazer da obra um alter ego, um outro eu, um eu no outro, um eu dos outros. É a

tentativa desesperada de fazer-se durar. É a batalha paradoxal do vir a ser contra o

tempo.

Quando escrevo, minha alma é uma puta. É a liberdade vadia que me atravessa, é a

liberdade da vadia que me atravessa É um grito roco e mal educado, são palavras

que propositalmente se dão fora das métricas. Ainda assim, uns chamarão de

ensaio, outros, poesia, contudo chamarei de “grito”, tal como a obra do Edvard

Munch.

O desespero no semblante que se verbaliza, as dores sufocantes que clamam por

um olhar, o fardo e o gozo do desejo, (e do desejo de ser desejado). Tudo isso de

algum modo transborda a alma, seja pelo corpo sintomático, seja pela arte, ou

ambos.

Me debruço nas palavras, mas ainda são os meus pés e cotovelos que sustentam o

peso daquilo que eu sou. É aqui onde eu grito, mas ainda não é aqui onde eu choro.

Nunca serei bastante para a arte, tal como a arte nunca será suficiente para mim.

Luis Vitor da Silva Abreu

 
321 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page