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Amor – discurso por mim e para mim

De Vitor Abreu - 28 de dezembro de 2019



 

Quem me absolve e quem me condena, quem me flagela, e quem me ampara são um só. Eu sou!


As frases que em verdade e autoridade falei, hoje são cordas que me sufocam. Estou preso e condenado pelas ideias que se fizeram palavras e saíram da minha boca. Logo eu, que era tão cheio de mim, vejo agora em mim um outro.


De todos os sentimentos que atravessaram minha alma, o amor é o que mais paira na ordem das incertezas. Como um deus, do amor não sabemos qual seu alfa e seu ômega, em que altar se encontra, e o quanto é digno de nossos louvores. E por falar em deus, as promessas de felicidade inerentes ao amor chegam a ser messiânicas. Ainda que debruçado em insuficiente fé que reside na poesia, posso afirmar que todo poeta é um profeta, afinal, é de poieses e esperança que estamos falando.


E se o amor que me atravessa, não trouxer mais consigo a felicidade?


Ora, felicidade pressupõem uma resistência à possibilidade de finitude. Quando a felicidade se afirma no ser e no mundo enquanto tal, em sincronia dialética, a finitude é suspensa e suprimida, todavia, nunca superada.


O amor enquanto produtor legítimo de felicidade só existe na medida em que este é resistência à possibilidade de finitude. Dane-se o poeta boêmio carioca e seus sonetos, o amor verdadeiro é necessariamente infinito, contudo nunca se deve negar a possibilidade do seu fim, mas afirmar o conatus nele existente e portanto, a possibilidade de resistir e reinventar-se diante do devir.


O conatus só acontece quando existe um eu. O amor, verdadeira causa dos bons afetos, não deve nos diluir enquanto sujeitos, mas nos ajudar a produzir este eu, cuja justa medida seja o bastante para si e para o outro. Resistir é sempre um “re-existir” (existir novamente, afirmar a existência duas, três, quatro, ou quantas vezes for necessário). Um "eu te amo", quando em verdade proclamado, é a maior produção de conatus que se pode ter. Aos que desacreditam do romantismo, esqueçam cada palavra lida.


Ainda não sei nada do amor, mas sei que hoje amo mais que ontem.

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