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"ABSORVENDO O TABU" E MENSTRUAÇÕES.

Atualizado: 21 de nov. de 2020

Por Caroline Diniz - 26 de setembro de 2020


 

Menstruar, para além de um fenômeno biológico, é um fenômeno cultural para a fêmea humana e para a sociedade ao seu entorno. Visto que, a humanidade tem necessidade existencial de dar significados e sentidos às suas experiências de vida. Sendo assim, ao longo da história humana e em cada territorialidade, as sociedades construíram diversos significados e sentidos para o fenômeno da menstruação.

Existem múltiplas formas e experiências de ser mulher em nosso mundo. Devido ao advento da globalização, os meios de comunicação se difundiram por todo o mundo e, assim, nos proporcionam a oportunidade de conhecer as vivências de mulheres em outras situações sociais, econômicas, políticas, geográficas e etcs. que não conhecemos ou experienciamos - é importante pontuar que a globalização e seus benefícios não alcançam toda a população mundial, visto que, ela se desenrola em um sistema econômico excludente e seletivo intitulado capitalismo.

Um fenômeno inerente à quase todas as mulheres saudáveis em determinado período da vida, com exceção das mulheres trans que não realizaram a cirurgia de redesignação sexual, é a menstruação. Menstruar, para além de um fenômeno biológico, é um fenômeno cultural para a mulher e para a sociedade ao seu entorno. Visto que, a humanidade tem necessidade existencial de dar significados e sentidos às suas experiências de vida. Sendo assim, ao longo da história humana e em cada territorialidade, as sociedades construíram diversos significados e sentidos para o fenômeno da menstruação. Para compreender essas múltiplas significações da menstruação ao longo da história humana em diversas territorialidades, iremos recorrer à antropologia, ao cinema e à memória de nossas vivências cotidianas. Está certo?

 
 

Segundo o levantamento de vivências apresentado por Cecília M. B. Sardenberg em seu artigo "A menstruação numa perspectiva sócio-antropológica", a significação cultural da menstruação coloca a mulher entre os lugares de sagrada e profana, a depender da sociedade, da época e da territorialidade: O povo Yurok, nativo da Costa noroeste da Califórnia (EUA), compreende a menstruação como um processo de purificação da mulher, no qual elas se isolam para concentrar-se na meditação sobre a natureza de sua vida. Enquanto isso, nas áreas urbanas e rurais da Amazônia, compreende-se que as mulheres menstruadas são agentes de má sorte. De todo modo, é interessante observar que as relações de gênero são construções sociais e históricas, e podem, ter relações com o processo de formação da própria territorialidade.

Levantando o diálogo para a nossa contemporaneidade, gostaria que fizéssemos um paralelo entre a situação da mulher na Índia e no Brasil, dando ênfase à questão da menstruação, a partir da reflexão do documentário "Absorvendo o Tabu" (2018) e de nossas vivências cotidianas. O documentário se desenrola na Índia, mais especificamente no distrito de Hapur, e nos conta um pouco do tabu da menstruação nessa territorialidade: desde a ideia comum da menstruação como uma doença feminina até a utilização de panos para a contenção do fluxo menstrual. Em alguns momentos do curta, ficamos sabendo que as mulheres menstruadas não podem entrar no templo - inclusive, dedicado à uma Deusa - com a justificativa de que estão impuras e suas preces não serão sequer ouvidas. Nós brasileiras, também, já ouvimos das nossas mães, tias, amigas, madrinhas ou conhecidas, alguma crendice popular acerca da menstruação e, certamente, elas soaram como uma recomendação para evitar infortúnios, como por exemplo, não lavar o cabelo ou não fazer exercícios físicos. É claro que a situação social da mulher na Índia e no Brasil é muito díspare - logo, pode-se interpretar que a construção social e histórica de uma territorialidade influencia as relações entre gêneros - e precisamos compreender como esses dois países rumaram para bifurcações tão diferentes: usar absorventes é um símbolo do rito de passagem das meninas em mulheres aqui no Brasil, além de, contribuir para uma saúde íntima do corpo feminino. E porque na Índia, as mulheres correm riscos de infecções íntimas devido ao uso de panos, muitas vezes, sujos para a contenção de seu natural fluxo menstrual?

Dito isto, sugiro a leitura das referências que me ajudaram a construir este texto, para que assim, você possa se aprofundar no assunto e construir o seu próprio ponto de vista acerca da situação. Por falar em ponto de vista, é importante lembrar-se que eles são múltiplos e cada um deles nos ajudam a construir a história da humanidade. Sendo assim, ouvir é tão importante quanto falar!

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