Por Kayran Freire - 30 de dezembro de 2021
Eu tenho dificuldade com anos ímpares, talvez seja toc, ou simples apreço a lógica binária dos números pares. Pitágoras certamente falaria que eu penso os números de forma errada, e que eu deveria revisitar meus livros básicos de matemática. Essa que por sinal, foi a matéria que mais sofri nos tempos de escola.
Os números podem servir para a confirmação da glória e do fracasso, formam os contornos secretos da natureza e a natureza dos orçamentos secretos, porém, sem mais delongas, vamos para o que interessa, entender um pouco do que aconteceu nesse ano de nosso senhor, através da análise de alguns números que dizem respeito a esse belíssimo pedaço de mundo chamado Brasil.
O amigo leitor há de perdoar a melancolia dos números apresentados, pela justa necessidade de acordarmos para o real estado de coisas que nos encontramos. Não consigo (por mais que tente) encontrar alegria e lados positivos nessa tragédia polivalente.
Os dedos indicadores chegam a tremer na busca incessante de apontar os culpados para o cenário de caos e descolamento que a sociedade brasileira foi arrematada.
Confesso que busquei nas anedotas da minha mente, uma construção dissertativa mais positiva para encerrar este ciclo anual. Tal busca, quase sempre fora interrompida pela gigantesca aptidão de certos mandatários de entristecer e empobrecer o debate público, com toda a sorte de absurdos, crimes contra a saúde pública, teorias fundamentadas através de correntes do zap e demonstrações de ódio e insensibilidades gratuitas.
Quem encontra solo fértil nesse cenário, certamente verá como positivo certas escaladas de autoritarismo, silenciamento e necropolítica. Pois lhes afirmo mais uma vez, não haverá paz e solidariedade em um país rachado. Não haverá liberdade, quando esta, só se aplicar ao meu grupinho, em cerceamento da liberdade dos “outros”.
Tantas aspas, para um cenário de muitos míopes de literalidade.
Os números podem ser calculados a partir de outro ponto de referência, pode-se mudar ali e acolá o lugar da vírgula para embelezar certas estatísticas, ou talvez terceirizar certas culpas. Pode-se criar projeções fantasmagóricas, como as luzes de um data show, na esperança de encontrar o novo “crescimento em V”.
Se pode fazer muita coisa, o que ainda não é possível, certamente, é esconder a realidade dos que veem e vivem o Brasil sem privilégios, o país no meio do caminho, com muitas contas a pagar e com poucos dígitos para enfrentar a fome.
Um 2022 de esperança e coragem para todos e todas, o Brasil é maior que tudo isso e o novo sempre vem!